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O QUE VAI NO CORAÇÃO

  • Anchieta Mendes
  • 24 de ago. de 2015
  • 2 min de leitura

A lição popular diz que “em coração de ninguém a gente anda”, o que significa dizer que não se pode avaliar, sequer, o que sente o coração do semelhante. Ninguém advinha a alegria, a saudade, a gratidão, o amor, a mágoa, a desilusão, a tristeza ou a revolta de uma pessoa.

Ninguém pode sequer pensar sobre o que se passa com os nossos irmãos. Quem poderá saber se uma criatura está passando por terrível dor, por dura injustiça ou cruel abandono? Aí está o “nó da questão” porque a conduta de uma pessoa é altamente importante para que se assegure a boa convivência do grupo.

Faz poucos dias encontrei um cidadão maltrapilho, barba longa, traje surrado, recostado a um automóvel que estava em local ameno. Esse cidadão não pedia nada. O seu olhar estava muito distante e resmungava como se falasse com alguém. Quem seria este alguém? Um mistério! Teria sido um parente que o abandonou? Um amor que perdeu? Uma desgraça que lhe aconteceu?

Comecei a ver que aquele pobre homem era um coitado, abandonado, sem família, sem amigos, que não tinha a própria pátria que deveria cuidar-lhe no seu infortúnio. Cidadão sem parente e sem uma instituição que lhe pudesse oferecer abrigo

A correria da vida, o distanciamento dos parentes, dos amigos e da própria comunidade, dá-nos a sensação do vazio, da falta de “algo”, da solidão, do estresse ou da ingratidão, também.

O que a sociedade atual criou, com o nosso contributo (meu, seu, de nós) é simplesmente grave, pois não construiu o bem estar, quanto mais a felicidade do homem.

Somos um agrupamento humano que chegou a ser grande demais, sem crescer do ponto de vista espiritual e moral. E dai nascem os confrontos interiores, as mágoas, as desilusões, a descrença e o desespero.

O homem ficou extasiado com o progresso da ciência, do conhecimento e das novidades revolucionárias da tecnologia, ao ponto de se encolher e se esconder da solidariedade, da simpatia, da caridade e do amor.

O que vai no coração do homem? Difícil imaginar, porque os seus gestos, a sua mentalidade, a sua conduta e a sua posição dentro dos grupos tem sido de indiferença, ganância, malvadeza e perversidade.

Pouca gente ou ninguém está interessada pelo futuro. O próprio, dos outros e do mundo. Quem quiser se vire nas conquistas, nos desencontros, nas guerras entre as nações e dentro da sociedade.

Quem for podre que se quebre; quem quiser viver e tornar-se mais um na luta pela vida, talvez seja obrigado a aderir à mentira, ao desaforo, ao desamor e, também, ao crime.





 
 
 

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